Pelas ruas das cidades…
No firmamento, as estrelas desafiavam a realidade! A cada esquina, como estátuas gélidas e permanentes, mendigos disputavam, impacientes, algum abrigo para mais uma noite à margem da vida. Mais adiante, não menos à margem, de mais vidas se disfarçavam outras esquinas, semelhando-se inteiras, intensas, verdade, na mentira de entregas sonhadas ou iludidas.
No firmamento, as estrelas, por vezes, pareciam cair e, velozes, mudavam-se, apagavam-se ali para brilhar mais além! No seu movimento, assustado e assustador, levavam escondidos sonhos e anseios de olhares vazios de esperança, descrentes de qualquer eternidade.
Pelas ruas, entre esquinas esquecidas, despojadas, resistentes, as estrelas eram sempre cadentes e, mesmo mudando-se, pressentiam cada vez mais distante e apagada a hipótese de algum brilho!
Pelas ruas da cidade, a realidade desmentia o firmamento, cruelmente… tristemente!
Foto “Lights in the Moon Road”, da Ju (http://olhares.sapo.pt/lights-in-the-moon-road-foto1593169.html)